"Como está o teu coraçãozinho?" Foi assim que uma amiga, com quem não falava há uns meses, meteu conversa no chat do facebook. Perplexo, por nunca ter falado assim tão abertamente com ela sobre esse assunto, optei por fazer conversa de circunstância sobre família e trabalho.
É certo que há uns meses tive a sensação que a minha irmã, que é muito amiga dela, andava armada em Cupido, talvez por saber que temos muitas coisas em comum: idade, estado civil, filhos da mesma idade, gostos musicais... De facto, tudo isto contribuiu para que tenhamos conversas interessantes, e foi o que aconteceu na última vez que estivemos juntos, nas férias. Nessa altura, entre outras coisas, falámos desta nossa natureza de pais "solteiros", e de que os nossos filhos não devem ser impedimento para vivermos a nossa vida amorosa. Enquanto falávamos, pensava especialmente nela, que vive a tempo inteiro com o filho, pelo que não deve ter muito tempo para investir numa nova relação.
Essa conversa trouxe-me à memória a história de uma amiga minha que ficou orfã de mãe aos 8 anos. Ela e o irmão foram criados pelo pai, que sempre viveu exclusivamente em função deles. Quando eles acabaram a faculdade e começaram a trabalhar o pai arranjou uma namorada, e começou aí, aos 50 e tal, a reviver a sua vida sentimental.
Sempre achei aquele história fascinante, por aquele homem ter assumido a responsabilidade de criar dois filhos, sozinho. Por outro lado é uma história que me angustia, mais hoje, por perceber que ele abdicou de 15 anos da sua vida para se dedicar exclusivamente aos filhos.
Nos últimos anos tenho vivido este dilema na primeira pessoa, sempre com a consciência de que não devemos abdicar de nada, porque não será nunca possível viver uma felicidade que adiámos.
Pais e filhos, ao som de Father and son (Cat Stevens).
Sempre achei aquele história fascinante, por aquele homem ter assumido a responsabilidade de criar dois filhos, sozinho. Por outro lado é uma história que me angustia, mais hoje, por perceber que ele abdicou de 15 anos da sua vida para se dedicar exclusivamente aos filhos.
Nos últimos anos tenho vivido este dilema na primeira pessoa, sempre com a consciência de que não devemos abdicar de nada, porque não será nunca possível viver uma felicidade que adiámos.
São opções que devem ser tomadas de acordo com os valores e necessidades de cada um. Esse pai assumiu para ele essa responsabilidade, e a meu ver fez muito bem. Mas isso teria sido impedimento de manter uma vida sentimental?
ResponderEliminarNo caso dele parece-me claramente que foi isso que aconteceu, talvez por opção ou porque só naquele momento esteve preparado para isso. Não saberemos...
Eliminarabc
Concordo com o coelho.
ResponderEliminarNo teu caso, casa-te... parece que é melhor para o IRS.
lol
Voltar a casar não está nos meus planos. E sou muito pouco materialista para o fazer por essa razão...
EliminarAbc
A frase que me marca mais é a última "...não devemos abdicar de nada, porque não será nunca possível viver uma felicidade que adiámos".
ResponderEliminarTenho a certeza que se encontrares essa "felicidade" não a adiarás.
Mas há coisas que surgem sem que as procuremos - basta estarmos atentos aos sinais.
All the best for you :)
Já não sou pessoa de adiar a minha felicidade :-)
EliminarAbc
Na minha opinião, tudo é conjugável. Esse senhor fez a sua opção, mas certamente poderia ter investido um pouco de si num relacionamento. Haja vontade e tudo se consegue. Ah, vontade e oportunidade. É louvável, partindo do princípio que escolheu, ter ficado a cuidar dos filhos. Que estes tenham isso em consideração um dia mais tarde!...
ResponderEliminarA felicidade não se adia porque os momentos desperdiçados não são recuperáveis. :|
abraço grande.
Estou certo que que os filhos tiveram isto em consideração. Tratando-se de um caso de viuvez talvez se entenda melhor que ele tenha ficado sozinho aquele tempo, mas em todo o caso tb acho que ele poderia ter investido um relacionamento. Só ele saberá todas as razões do seu coração :-)
EliminarAbc
a minha mãe criou dois filhos sozinha; era eu adolescente conheceu o meu padrasto e uns anos depois nasceu a minha irmã, tinha ela quase 40 anos. acho que foi aí que ela renasceu, depois de uma relação falhada, uma boa e uma filha que caiu do céu :)
ResponderEliminarnão sei se, entretanto, declinou outras 'amizades' era eu mais pequena, provavelmente esperou que os filhos fossem mais velhos.
quando encontrares alguém certo (certo?), saberás :)
bjs.
Bem, daria pano para mangas, porque nestes casos ser mulher pode mudar muita coisa. No caso dele não foi por uma relação falhada, mas por viuvez (a mãe dos filhos que seria difícil de substituir para todos eles) e isso foi certamente determinante nas decisões dele. Lembro-me que na altura a minha amiga, já com 25 anos, aceitava muito mal a namorada do pai, embora respeitasse a opção do pai, mas certamente não teria sido tão pacífico durante a infância ou adolescência...
EliminarBjs
Uhm. A última frase é-me forte.
ResponderEliminarÉ uma das poucas certezas que tenho na vida...
EliminarAbc
Também acho uma história admirável mas concordo que os filhos não devem ser um impedimento para a felicidade dos pais. Não deve fazer nem bem a uns, nem a outros.
ResponderEliminarAbraço.
uns não devem ser impedimento para a felicidade dos outros. Há circunstâncias mais difíceis mas há que saber geri-las.
EliminarAbraço
Gostei muito :)
ResponderEliminarAbc
:-)
EliminarAbc
Desculpa... mas és pai?????? LOL
ResponderEliminarTens andado distraído :p
EliminarÉ do domínio "público" por aqui :-)
Abc
Eu sou distraído LOL MESMO LOL
EliminarAs circunstâncias alteram as prioridades. Talvez o pai da tua amiga tenha visto no criar os filhos a realização da sua vida durante aqueles 15 anos. Quando os viu grandes e capazes de tomarem conta deles próprios então pensou no que estava na hora de fazer por si. Ou então talvez durante aqueles 15 anos ele nunca tenha encontrado a pessoa certa com quem haveria de construir uma nova vida.
ResponderEliminarAs possibilidades são várias e conforme o cenário que imaginarmos, o senhor pode ter ou não abdicado de uma parte significativa da sua vida.
Quanto à tua última frase, concordo com o Alex. Parece-me forte.
Talvez o adiar não seja um verdadeiro adiar, mas sim um esperar por algo maior. Não sei bem... Acho que ando numa de duvidar de afirmações pujantes porque elas parecem não aceitar desvios...
(a música que escolheste para este texto é muito boa! O meu pai gosta bastante de Cat Stevens [que agora é conhecido como Yusuf Islam. Que mudança radical.]
Concordo com a tua análise (ou síntese). Também que são cenários possíveis, não esquecendo que também existiu uma perda de alguém que certamente amava e que isso deve ter levado tempo digerir. Talvez ele não tenha adiado mesmo nada, mas aquele tenha mesmo sido o momento certo e adequado.
EliminarNão conheço bem o Cat Stevens mas está música toca-me especialmente. Deve ser coisa de pai :-)
Abc
Não abdiques de nada Sad.
ResponderEliminarE todos já vimos aqui como és um excelente Pai :)
É só continuar...
Espero continuar a ser :)
EliminarBjs