2011/11/11
História #14
Autor: James (A Arca no Sótão)
SEGUNDO A SEGUNDO CAMINHAMOS
Tic. Tac. Tic. Tac. Acordo… Melhor, não consigo adormecer com o som aguçado e compassado do relógio da mesa de cabeceira. Os pensamentos divagam no escuro, procurando e ansiando pelo seu rosto… Lembro-me dos cabelos castanhos, dos olhos azuis como o profundo mar de mistérios que era a sua alma… E lembro-me ainda das suas últimas palavras...
- Há algo que te quero contar… - Disse, tímido e hesitante.
- Sabes que me podes contar tudo! – Tranquilizei.
- Qualquer coisa?
- Sim.
- Eu tenho-me sentido… Não sei como.
- Como? – Desafiei.
- Pois… Acho que tudo à minha volta já não faz sentido.
- Sabes que eu estou cá sempre para ti.
- Mas será que lá estás para mim como eu estarei para ti?
- Que queres dizer?
- Quero dizer que posso desiludir as pessoas.
- Porquê?
- Porque… Tenho tendência para o fazer quando me sinto assim sozinho.
- Eu vou estar sempre contigo. – Afirmei.
- E eu contigo. – Replicou.
Mas… Agora? Agora sobra-me apenas a sua imagem, a sua memória, pois ele já não caminha a meu lado como outrora sempre fazíamos. Estava de tal maneira a sentir-se sozinho que decidiu caminhar em direcção ao abismo negro e deixar-me para trás. E agora, quem se sente sozinho sou eu, pois sei que nunca encontrarei ninguém como ele. Tic. Tac. Tic... Finalmente, ao som compassado do relógio, adormeço… E encontro-o em sonhos. Afinal, ele cumpriu a promessa e caminha comigo na minha memória. Para sempre.
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há uma espécie de "aforismo" que diz: mais vale ter amado e perdido, do que nunca ter amado...o mesmo acho que se aplica à amizade...mais vale ter achado e perdido, do que nunca ter achado.
ResponderEliminarQue melancólico!Fiquei aqui pensativo.
ResponderEliminarAs amizades transcendem a vida.
ResponderEliminarMas era suposto ele não se sentir assim tão sozinho, se, afinal, tinha um amigo assim tão grande.
Há momentos que por mais grandes amigos que tenhamos, não é o suficiente para querer não querer cair no abismo.
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