2011/06/30

E um dia partimos pelo Mundo com os nossos filhos pela mão…
Há momentos em que quase esqueço tudo o resto e só me lembro que sou pai. Por estes dias senti toda a adrenalina dessa montanha-russa que é proteger, educar, ensinar, orientar, dar a conhecer o Mundo…
Gostaria de ter dado à minha filha uma vida dentro das convenções (uma família de pai e mãe que vivessem na mesma cidade e na mesma casa…), mas tal não foi possível. Não escolhi ser gay e não me arrependo de ser pai, mas tive que trilhar o meu caminho e por isso faço o melhor que posso e sei.
A única coisa que quero é que, daqui a 10 anos, quando, provavelmente, ela já souber que sou gay, olhe para trás e sinta que teve tudo o que precisou.
Pelo Mundo, ao som de Around the World (Red hot chili peppers).

2011/06/26

2011/06/23

2011/06/22

O livro The nude project, da brasileira Cassia Tabatini, "reúne 24 fotos tiradas em quatro anos (de 2007 a 2011), com nus masculinos, retratos de amigos e conhecidos da artista". Entre os quais encontra-se a foto de um português.

2011/06/21

A colossal questão: como se mantém uma relação à distância?
Pode ser uma ideia pré-feita, mas, habitualmente, numa relação hetero, a maioria conhece-se nas lides quotidianas, e constrói as suas vidas, em conjunto, perto da família, dos amigos, dos conhecidos... (com a ressalva das excepções). 
Os gays, em regra, conhecem-se através da net, nesse lugar que torna o mundo (aparentemente) mais pequeno e tudo (aparentemente) mais fácil e acessível, mas que no fim nos obriga a pagar o enorme preço da distância.
Os gays, talvez por já se terem moldado para viver uma vida difícil, aceitam com maior facilidade as relações com centenas ou milhares de km de distância. 
A minha relação com o meu namorado começou desta forma: na net e com uma pequena distância que adiou por meses o dia em que nos conhecemos. Mas quando tudo parecia relativamente perto, à distância das românticas viagens de automotora que fazíamos à vez, de um momento para o outro estávamos a 2000 km de distância, e assim estivemos durante longos meses... 
Por termos passado essa prova de fogo, os cento e tal km que nos separam hoje, durante a semana, tornam tudo relativamente simples. 
A distância resolve-se com tarifários moche, com jantares de skype à luz de velas, com muitas sms com simples "beijos", com fotos na mesa-de-cabeceira, com e-mails de amor, com tardes de praia e com todos os fins-de-semana juntos (mesmo implicando levantar às 6 da manhã de Segunda para fazer os tais cento e tal km até ao trabalho).
A resposta à pergunta parece-me simples e apenas uma: uma relação à distância mantém-se, com amor e se ambos quiserem muito.

2011/06/17

Uma pérola descoberta há dias nas prateleiras da Fnac. Falta-me ouvir o resto do álbum, mas este "Over the Sun/under the water" já promete repeat para o resto do Verão.

 

Over the Sun/under the water | Chromatic, 2011 | You can't win, Charlie Brown

2011/06/14

Este fim-de-semana fui, pela primeira vez, à praia 19. 
Fez lembrar a minha primeira ida, há uns anos, a uma disco gay; Na altura fui com um amigo à descoberta do Trumps, sem saber onde era, e entrámos na primeira disco gay que encontrámos - o Finalmente; Guardo, até hoje, aquela imagem de "enlatado de sardinhas gays". 
Desta vez teve parecenças: depois de procurarmos indicações no Google, fomos de carro até à praia da paragem 17, a partir da qual deveríamos andar a pé, durante 1 km (aproximadamente 15 minutos) até ao destino; Não andámos 500 metros sequer, mas a nudez e os gays já eram tantos que ficámos por ali mesmo; Pelo tempo que caminhámos, acho que, no máximo, devemos ter ficado na praia 17,5 (qual John Malkovich)...
Talvez nem haja muito a dizer sobre o assunto, mas de facto entrámos num "portal" que nos levou a outro Mundo, com a diferença que neste momento sinto-me preparado para isto (e para muito mais); Por isso, achei perfeitamente normal ver gajos a namorar sem qualquer preconceitos, a nudez opcional e assumida, a descontracção e até o olhar descarado de quem nos mira de alto a baixo.
Tudo a nu?  Ainda não foi desta, mas o Verão só agora começou...
Dias de sol, ao som de Sol da Caparica (Peste e Sida).
"Talvez, ser gay, hoje em dia, seja o menor problema que tenho".

Esta citação, roubada daqui, é uma pérola que não posso deixar perdida.
Problemas, ao som de My name is trouble (Keren Ann).

2011/06/12

 Em escuta e à descoberta.

 
My name is trouble | 101, 2011 | Keren Ann

2011/06/10

"Temos 5 dedos numa mão, um para cada um dos amigos que faremos durante a vida; temos 5 dedos na outra mão, para contá-los".

Este dito (africano, suponho), foi-me dito por um amigo há largos anos; Na altura tinha mais de meia mão-cheia de amigos, de amizades cúmplices que, sem dúvida, eram os melhores amigos que tinha tido; Hoje, desses, não resta nenhum: as distâncias, em dois dos casos, e o corte de relações no outro, deixaram tudo na estaca zero em parcos meses.
Há dias, na já comentada leitura astral, em remate de conversa, como se fosse uma coisa de somenos, falámos nas amizades; Fiquei a saber que eram regidas por um tal planeta que tornava essas relações difíceis e cheias de perdas. E de facto, assim tem sido, mas, apesar das mágoas, talvez não haja nada a fazer, se está escrito nas estrelas...
Tenho amigos e amigas espalhados por todo o lado (em Lisboa, de Norte a Sul, nas ilhas, além fronteiras...), mas nenhum deles é O grande amigo intemporal (naturalmente o namorado está noutro patamar). E embora  não me faltem amigos (alguns dos quais, que lerão este post, são grandes amigos beirões), as distâncias deixam-os por outras bandas e obsta e que as amizades possam ser ainda maiores; Mas talvez o tempo me prove o contrário.

2011/06/08

A minha definição preferida sobre idas ao ginásio: "Suar, ver gajos e tomar banho com eles".
Dias suados, ao som de 1, 2, 3, 4 (Feist).

2011/06/07

Quando me mudei do Interior conservador para um Alentejo habitualmente (e que, pelo que se viu há dois dias, continua a ser) de esquerda, pensei que iria encontrar uma sociedade mais mente-aberta. Enganei-me. Afinal, e estranhamente, temos um Alentejo homofóbico.
Homofobia, ao som de Lost cause (Beck).

2011/06/06

"Coerência não chega, é preciso ter princípios."
Dito por José Mário Branco, ao som de Inquietação (JMB).

2011/06/04

Depois de uma semana de stress, ontem cheguei a Lisboa predisposto a ir "receber" um presente de aniversário que a minha irmã me ofereceu há semanas: a leitura do meu mapa astral.
Ao pôr-do-sol estava eu na recta dos comandos, a caminho de Sintra, para ir ouvir uma desconhecida falar sobre mim.
Fui de mente-aberta, sem expectativas e sem pensar em consequências.
No mínimo fui surpreendido! Meia-hora depois estava eu, perante uma desconhecida, a revelar a minha orientação sexual e a falar de cada uma das peças do xadrez e de como elas se encaixarão ao longo da minha vida: o meu namorado (que dominou as quase 3 horas de conversa), o meu rebento, a minha mãe, a minha irmã... e os amigos.
Saí tão tranquilo como entrei e, descrente ou não, com a leveza do futuro que me espera...
Um presente de aniversário, ao som de Un respiro (Win Mertens).
Adoro e oiço em repeat.

Shell games | The people's key, 2011 | Bright Eyes

2011/06/03

Numa das muitas conversas homofóbicas a que as minhas colegas desesperadas me sujeitam diariamente, uma delas dizia o seguinte de um amigo, cujo excerto é merecedor de citação: "... ele é muito homem; eu sei que é, porque já foi meu namorado, e além disso já fez um filho...". 
É a velha questão retrógrada e bolorenta: um gajo prova que é homem se for pai. Por estes padrões eu já provei há muito tempo que sou muito homem, mas, acima de tudo isso, julgo que todos nós já provámos a nossa hombridade quando corajosamente escolhemos aquilo que queremos para a nossa vida. 
Por momento dá vontade de deitar por terra todas aquelas certeza e dizer a estas desesperadas que os gays são mais homens que os outros homens e que as "provas" do amigo dela são como as escutas telefónicas, ou como as palavras dos políticos: não valem nada.

2011/06/02

Talvez por sermos gays, e isso nos impor tantas dificuldades, habituamo-nos a viver amores difíceis.
Vivemos por entre as gotas da chuva. Amamo-nos à distância; namoramos com alguém muito mais novo ou muito mais velho que nós; temos que nos comportar, em público, como se fossemos simples amigos e vivemos uma second live à parte dos amigos e familiares; e ainda sobrevivemos às normais dificuldades do amor…
Com o tempo, temos que aprender que não vale a pena complicar ainda mais a difícil vida que já temos.
São muitos os amigos e conhecidos gays – e como de resto também se percebe aqui na blogayesfera – que passam por tudo isto na senda da felicidade.
Cada vez mais, estou convencido que esta condição é uma bênção e que nos torna melhores seres, mais fortes, mais intenso, mais amados e mais homens.
Por tudo isto, costumo dizer ao meu namorado: "adoro ser gay contigo".