Quando penso na forma como lidamos com o amor, lembro-me da minha avó. Além daquela imagem de avozinha que passou dos 90 anos, vestida de preto, de carrapito e lenço na cabeça, guardo a memória de uma pessoa bondosa que me ensinou muito sobre o amor.
É a minha estrelinha no céu.
Na altura dos nossos 8 e 80 eu passava muitas horas com ela. Um dia, por qualquer birra de garoto zanguei-me, e com o meu feitio de Touro enraivecido disse-lhe, "já não gosto de ti"; e a minha avó respondeu-me, "não faz mal, porque eu ainda gosto de ti".
Não sei como é que consegui guardar memória destas palavras durante quase 30 anos, mas hoje, numa espécie de momento epifânico, sei que foi a maior lição de amor que recebi.
Por isso, enquanto tomo consciência da vida, lamento que nos momentos de discórdia (seja entre família, amigos ou amantes) - porque ao contrário do que me têm tentado convencer, amar é amar, seja quem for - não haja sempre alguém com a sabedoria suficiente para dizer um "não faz mal, porque eu ainda gosto de ti".
E mais me convenço que a maioria dos seres humanos não entende o amor...
A minha estrelinha, ao som de My star (Brainstorm)