No primeiro dia de férias acordei ainda não eram 7h. O calor do Alentejo e a falta de sono tiraram-me da cama. Preparei-me, arrumei as malas, limpei a casa, e às 8 e pouco estava a dar um pequeno passeio com passagem pelo Giraldo. Quando regressava a casa, nos arcos passei por uma senhora de cabelo apanhado em carrapito, que já parecia agastada pelo cansaço da azáfama matinal e (ou) da idade. Parece o monte dos vendavais, dizia ela, num tom algo revoltado, enquanto olhava para uma montra, 3 ou 4 passos antes de nos cruzarmos. Arrancou-me o primeiro sorriso do dia. Mas como uma bola saltitona a frase ficou na minha cabeça: parece o monte dos vendavais. E efetivamente parece...
Minutos depois fazia-me à estrada, e à saída da cidade um garoto de mochila pedia boleia. Parei uns metros à frente enquanto me vinham à memória os tempos em que fazia o mesmo nas ilhas açorianas. Nem li o destino, mas quando lhe perguntei para onde ia, mostrou-me um pedaço de caixa de cartão. Lisboa. Sempre me ocuparia a cabeça durante a viagem e arrancar-me-ia mais uns sorrisos. Agradeceu-me com um gracias, e tive que lhe explicar que já não estava em Espanha. Perguntou-me depois como se dizia goodbye. Era o Hans, alemão, 20 anos, estudante de engenharia eletrónica. Em viagem pela Europa, completava a sua aventura sozinho, depois de os amigos se terem ido embora com os avós. Informei-o que não chegaria a Lisboa. Sugerir-lhe então uma entrada mais "lusitana" na capital, de barco, diretamente para a Baixa da cidade onde ele queria procurar um hostel. Adorou a ideia. Ficou em Cacilhas depois de me perguntar o que poderia ver em Lisboa e onde poderia sair à noite e ir à praia. Sugeri-lhe Joana Vasconcelos na Ajuda (precisamos de instruir estes alemães), a ida ao BA e praia na Caparica. Aprendeu a lição; despediu-se com obrigado e adeus.
Em modo "sorrindo" (ou parece o monte dos vendavais!), ao som de When you're smiling (Louis Armstrong).