2011/05/29

Descoberto hoje algures num blogue. A fazer lembrar Elephant gun, dos Beirut. Para ouvir em repeat esta semana.
 
 Oração, 2011 | A banda mais bonita da cidade
Depois de explicar a uma colega o que era um híbrido ela olhou para mim e disse: “então os gays são híbridos!”.

2011/05/26

Vivemos entre duas vidas que quase não se tocam: de um lado nós; do outro a família e os amigos de cada um. Vivemos a espaços. A condição dificulta a convivência com os primeiros; a diferença de idades torna quase impossível a partilha dos segundos.
Ter um namorado num mundo secreto em que os únicos amigos comuns também são gays, dá um tom pálido à cor do amor que partilhamos.
Há já algum tempo que atingi o estado de incerteza sobre a resistência de uma relação assim, porque sei que é urgente que aqueles dois mundos se encontrem algures.
Mais pelas idades que pela condição, tem me parecido que o primeiro passo (que, certamente, se tornará o único nos próximos anos), será apresentá-lo à minha irmã; mas é especialmente difícil, quando falta contar tudo.
Não será fácil olhá-la nos olhos e dizer: "sou gay… e tenho um namorado de 19 anos"; porque não sei a qual das duas partes ela reagirá com maior surpresa.
Pela primeira vez na vida estou feliz com a vida que escolhi, e ser pai e gay é um caminho duro de fazer tão sozinho; mas como diz a canção: “ele há coisas difíceis de dizer...”.
Uma música para ouvir em repeat, de um álbum de 2010, ainda em escuta no iPod.

I need a dollar | Good things, 2010 | Aloe Blacc.

2011/05/24

É comum ouvir comentários jocosos e vis sobre a utilização, e especialmente sobre os utilizadores, de sítios como o Gaydar ou o Manhunt. Os mais habituais são sobre quem os frequenta, como sendo pessoas horrendas (p.e. tarados, velhos, gordos...), sem se perceber muito bem o "porquê" desse ostracismo gratuito
Não terei problemas em assumir que já tive perfis em ambos os sítios, naturalmente, porque procurava algo (nem que fosse apenas sexo), por isso nunca entendi estas observações vindas de quem por lá anda à procura de alguma coisa (porventura, repugnante).
Sempre achei que as pessoas que os frequentam eram tão normais como eu; conheci o meu namorado e alguns dos meus amigos através do Gaydar e do Manhunt; e se neste momento não tenho nenhum desses perfis é simplesmente porque, a dada altura, achei que podiam prejudicar o meu namoro.
Embora sempre tivesse achado que esses sítios eram frequentados por pessoas sérias e interessantes, e que poderiam ser um meio para fazer novos amigos, estou cada vez mais certo que os blogues (do universo gay) são o sítio de eleição para isso acontecer. Na dita blogayesfera não existe esse tipo de preconceito, porque aqui cada um vale pelo que escreve, pelo que partilha, pelo que comenta…, independente da idade, aspecto ou (segundas) intenções.
Por tudo isto, voltei à blogoesfera (a este nicho especial), porque aqui não fazemos parte de nenhum catálogo e nunca seremos etiquetados como artigo descontinuado; em suma, tudo parece um pouco mais normal e real.

2011/05/22

2011/05/21

As conversas entre elas convergem para lugares insondáveis. Assim, enquanto ficam à volta de um computador a olhar para um “antes e depois”, de publicidade a um ginásio, apontam os defeitos encontrados nos exemplos femininos; e comentam, no já conhecido desespero, os abdómenes “tipo chocolate” e os pêlos do peito que desapareceram com o emagrecimento, no caso dos homens.
E, é por causa dos inquietantes pêlos, que se exaltam e começam a contar as conversas que têm com as esteticistas sobre “os homens e a depilação”, nomeadamente sobre os sítios que depilam, o dinheiro que gastam a mais que as mulheres, as idades, os comportamentos...
A melhor das observações foi sem dúvida um “saem dali com um andar novo e a parecer uns perus, mas felizes, porque as namoradas gostam...”.
Curiosamente não se focaram no factor gay – o que estranhei – contudo, incomodou-me a falta de sigilo, e decidi que, no dia que procurar serviços de depilação fora de casa, também aí, vou escolher um homem.
As mulheres no seu melhor, ao som de Better (Regina Spektor).

2011/05/19

Uma música lindíssima, num dos melhores álbuns que ouvi este ano.

Sadness is a blessing | Wounded Rhymes, 2011 | Lykke Li


2011/05/18

"Dentro de cada um de nós existe bissexualidade psíquica."
Ouvido por aí. Ao som de Diamonds On The Inside (Ben Harper).

2011/05/17

Pode ser um estereótipo, mas há profissões com mais gays do que outras e, talvez por isso, parece-me sempre que grande parte dos meus colegas, ou amigos, com a mesma profissão, são gays.
Na maioria dos casos eles até têm namoradas ou são casados, e têm filhos (mais estereótipos!) mas a verdade é que mesmo nessas condições continuo a achar que eles têm tudo para serem gays.
E isto acontece mesmo naqueles casos mais insuspeitos, em que os oiço falar das mulheres exactamente da mesma forma que as mulheres falam da sobremesas.
Estereótipos sobre potenciais gays, ao som de Destiny (Zero 7).

2011/05/13

A 48 horas do concerto em Lisboa, a obra-prima de Josh Rouse, na versão acústica (muito aquém da versão em piano, que recomendo a quem tenha vivido os últimos 6 anos sem a ter ouvido).
Com dedicatória muito especial, e para ouvir em repeat...

Sad eyes | Nashville, 2005 | Josh Rouse
Estando habituado a ouvir da boca das mulheres que, para um homem a decoração da sala se resume à tv, ao sofá e à mesa de centro para apoiar os pés e a cerveja, sou levado a pensar que não é próprio de um gajo ir com a mãe às compras para opinar sobre artigos de decoração. Contudo, estas idas ao shopping, com a minha mãe, são aceite com naturalidade por ambos, muito provavelmente porque a minha profissão me confere um estatuto "sensível".
Comentei com uma amiga uma destas idas às compras, justificando com o factor "profissão sensível", ao que ela observou que nada tinha a ver com profissão, mas com género, e que na verdade se devia ao facto de as mães terem uma relação de sintonia com os filhos rapazes. Acresencou que, se porventura tivesse filhos, queria que fossem homens.
Depois deste comentário pensei mais aprofundadamente no assunto, e conclui o óbvio: esta predisposição para um gajo ir comprar almofadas de decoração com a mãe, deve-se ao facto de ser gay.
Ora, os gays não são uns "brutos" quaisquer de pés na mesa de apoio e cerveja na mão a olhar para um tv sempre verde, e as mulheres sabem disso; as mães são mulheres; e fazendo fé naquele velho chavão de que "as mães sabem tudo"...

2011/05/11

"Partilhamos o mesmo planeta mas não vivemos todos no mesmo mundo."
O(s) mundo(s) em que vivemos, ao som de I want the world to stop (Belle & Sebastian).

2011/05/10

"Somos facilmente enganados por aqueles que amamos."
A sabedoria de Molière sobre a vulnerabilidade de quem ama, ao som de Sadness is a blessing (Lykke Li).
Ouvi-as dizer algures que qualquer dias quem não for gay ou bi não é normal.
Talvez por isso, nos últimos tempos (e mais no Alentejo do que por Lisboa), tenho notado alguma crispação ou desespero por parte dum grupo de mulheres, em relação aos gays.
Falo de uma geração de mulheres que têm pouco de donas-de-casa, mas que estão desesparadas por um homem; que são obsecadas com os quilos a mais e aficcionadas por idas ao ginásio, mas que passam o dia a falar de coisas que engordam; que, embora sendo mulheres, referem o gajo X da empresa (por sinal giro) como sendo a pessoa que está na moda e que percebe das tendências; que têm taras por gajos que calçam Merrell ou Timberland, mas que têm 15 kg a mais do que o devido... "I'm a normal guy", penso.
Limito-me a rir das conversas e provocações (aos homens, entenda-se) sobre os gays que estão por todo o lado, sobre o facto de serem cada vez mais e, em especial e repetidamente, sobre o facto de elas não terem homem. E curiosamente são cada vez menos os (supostos) heteros que lhes respondem.
Aconteceu-me há poucas semanas numa ida ao cinema com colegas, depois de uma cena mais ousada entre dois homens (no Biutiful), uma delas dirigir-se para mim e para outro colega e dizer "vocês estão cada vez mais gays". Referia-se aos homens...
Dois sorrisos, nem um comentário e, que se saiba (publicamente), nenhum dos dois é gay.
Sobre os gays, cada vez mais "normal guys", ao som de 1977 (The gift).

2011/05/08

Uma das minhas descobertas recentes. Um dos álbuns do ano. Uma música brilhante.

Walking Far From Home | Kiss Each Other Clean, 2011 | Iron & Wine
Cerca de 50 “conectados” no Facebook é coisa que me basta e, mesmo assim, parece-me que a palavra “amigos” é ali usada indevidamente.
Talvez, por ter colocado a fasquia neste ponto, tem acontecido que fulano tal me diga (no meio de mil pedidos de desculpas embaraçados, por andar a bisbilhotar os meus contactos) que viu o perfil de beltrano e que descobriu que ambos tinham sicrano como amigo em comum.
Também aconteceu (mais uma vez, acompanhado de atrapalhadas justificações pela devassa dos perfis dos meus alegados amigos) que me perguntassem quem era e de onde conhecia determinada pessoa, como se fosse suspeito a mesma fazer parte da minha rede social, e denunciando, obviamente, a forma como se teriam conhecido.
E porque não está no âmbito desta reflexão fazer juízo sobre atitudes alheias, apenas me limito a constatar que estamos na era das vidas online.
Está à distância de um Enter descobrir o paradeiro de um colega de primária a quem perdemos o rasto há largos anos; descobrir, com espanto, as ideologias políticas de amigos que conhecemos desde os tempos de universidade; ler sobre os amores e desamores de um antigo namorado ou affair; tirar a prova dos 9 sobre as razões porque a pessoa X ficou à nossa frente no concurso Y...
Só por  curiosidade, tudo isto me aconteceu em tempos não muito distantes.

2011/05/06

Lembrando uma antiga rúbrica da rtp2, segue-se mais um ciclo de "3 noites, 3 camas."
A vida entre Lisboa e o Alentejo, ao som de Crazy (por Nelly Furtado).

2011/05/05



Declaração de amor, com fotografia/imagem de António Carrapato.
Há dias uma amiga, num desabafo exaltado, dizia-me "vocês, homens, são tão complicados que às vezes me pergunto se não seria preferivel eu gostar de mulheres."
Nisto, dei comigo a reflectir sobre a altura em que me terei deparado com a constatação de que as mulheres são deveras complicadas... e pela mesma lógica...
Sobre homens e mulheres, ao som de Beautiful Boyz (CocoRosie).

2011/05/03

A vida deve ser vista como um jogo de futebol em duas mãos: mesmo que estejas a perder na primeira mão, tens que aguentar o resultado porque na segunda podes dar a volta a isto.
Direcções para o futuro, ao som de "Directions" (Josh Rouse).

2011/05/02

Deambulando, de blogue em blogue, e com a pouca coragem que já era precisa, acabei a ler um post que deixei por ler há quase 5 anos, e que, afinal, não era mais do que uma justificação que não tinha que ser dada, e muito menos publicamente.
Por muita que seja a distância com que olhemos para as mágoas que passaram a ser indiferença, não lhes ficamos incólumes, porque os sentimentos passam mas ficam sempre marcas do passado, especialmente porque custa muito encontrar os bons amigos e custa mais ainda perde-los.
Este incidente acentuou a vontade de voltar a blogar no meio desta… pequena multidão.
O regresso aos blogues, ao som de Good friends are hard to find (Ed Harcourt).