Já experimentaram marcar um encontro para dali a 20 anos?
A vida que vivemos dá para isto tudo...
Há dez anos atrás combinei um encontro com uma pessoa. Estávamos no ano de 2002, tínhamos perdido o rasto ao dia em que nos havíamos "encontrado", por isso, marcados pelas muitas distâncias, combinámos que - mesmo que não nos conhecêssemos antes - nos encontraríamos dali a 20 anos, no dia 22 de julho de 2022, pelas 22h00, num lugar especial, no meio do Atlântico.
Ao dia de hoje, e neste momento, só faltam dez anos...
Conhecemos-nos um ano depois em Lisboa e chegámos a falar algumas vezes no encontro marcado para dali a duas décadas. Pela primeira vez tinha conhecido alguém que gostaria que tivesse sido o
meu melhor amigo de uma vida inteira. Não foi, embora me tenha marcado de forma que não questiono. Mas entretanto afastámos-nos; voltámos a encontrar-nos uns anos depois nas redes sociais; depois disso estivemos juntos 2 ou 3 vezes; mas foi, e é, tudo vazio demais. A amizade que construimos nos primeiros 3 anos perdeu-se, e já não existe absolutamente nada.
E aquilo que há dez anos poderia parecer um acordo patético, hoje parece-me uma poética cena de um filme, e surpreendentemente natural. Assusta-me apenas a sensação de o tempo ter passado depressa demais.
Não me esqueci, e julgo provável que ele também não, mas se estaremos ou não, no local e hora marcada, é uma incógnita e sê-lo-á (pelo menos para mim) nos próximos dez anos.
Dez anos depois, ao som de Decades (Joy Division).