2011/05/26

Vivemos entre duas vidas que quase não se tocam: de um lado nós; do outro a família e os amigos de cada um. Vivemos a espaços. A condição dificulta a convivência com os primeiros; a diferença de idades torna quase impossível a partilha dos segundos.
Ter um namorado num mundo secreto em que os únicos amigos comuns também são gays, dá um tom pálido à cor do amor que partilhamos.
Há já algum tempo que atingi o estado de incerteza sobre a resistência de uma relação assim, porque sei que é urgente que aqueles dois mundos se encontrem algures.
Mais pelas idades que pela condição, tem me parecido que o primeiro passo (que, certamente, se tornará o único nos próximos anos), será apresentá-lo à minha irmã; mas é especialmente difícil, quando falta contar tudo.
Não será fácil olhá-la nos olhos e dizer: "sou gay… e tenho um namorado de 19 anos"; porque não sei a qual das duas partes ela reagirá com maior surpresa.
Pela primeira vez na vida estou feliz com a vida que escolhi, e ser pai e gay é um caminho duro de fazer tão sozinho; mas como diz a canção: “ele há coisas difíceis de dizer...”.

9 comentários:

  1. obrigado :)

    muita garra tens tu que ter! força!

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  2. as irmãs podem dar-nos boas surpresas...quando tive "a conversa" com a minha família, a minha irmã ficou chateadissíma comigo por nunca ter falado nada antes com ela...e se eu achava que ela era do tempo das cavernas e não sei quê...hoje e sempre foi e é a minha melhor amiga. Há-de correr tudo bem. Mas realmente dois mundos não dá...o suposto é que sejam duas pessoas num só...muita sorte!!

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  3. O secretismo é a antecâmara da infelicidade no campo sentimental!

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  4. Já tive numa mesma situacao e o que escreves é pura verdade. É inspirador que penses em contar, eu não tive essa coragem, boa sorte ;)

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  5. Ser gay não é fácil para ninguém. Espero que um dia seja mas actualmente não é em nenhuma sociedade.
    Pessoalmente não tenho problemas com os amigos. Todos os meus amigos mais próximos sabem e tornaram-se amigos em comum com o Theo sendo que só serviu para fortalecer os nossos lados. Claro que também não temos de andar com a nossa orientação sexual na cabeça mas considero que é saudável mostrarmos o jogo a algumas pessoas.
    Já com a família pode ser mais complicado, mas cada um tem de saber a família que tem.
    Há pouco tempo vi um estudo feito nos EUA que comprovava que os homossexuais que assumiram, mesmo os que tiveram más reacções por parte dos amigos, apresentavam um índice de “Bem-Estar” superior aos que ainda se mantinham no “armário”.
    Estou a pensar fazer esse estudo em Portugal, mas acredito que o resultado será o mesmo. Um abraço.

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  6. Belo blog que aqui tens Sad eyes,corajoso e honesto.
    Gostei também do facto de cada post ter as sua respectiva banda sonora a acompanhar :)
    Já agora obrigado pela visita ao meu.

    Boa sorte.

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  7. Oh rapaz, adoro o teu blog!
    As irmãs são muitas vezes o melhor veículo para essas confidências familiares.
    Toda a gente merece ser feliz, apesar da Felicidade não existir... Mas desejo-te toda a sorte do mundo, e espero que daqui a uns anos já não haja este tipo de problemas patéticos, só porque se AMA alguém do mesmo sexo.
    Abraço e adoro que digas o que ouves enquanto escreves. Tens aqui mais um seguidor!

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  8. É um assunto muito delicado que cada um tem que saber gerir conforme as circunstâncias especiais que os rodeiam.
    Mas que é fundamental sair do armário, perante aqueles a quem amamos, é inquestionável.

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  9. meus caros:
    era um post sobre reflexões e desabafos.
    obrigado pelas palavras.

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