Autor: Francisco (Um Deus caído do Olímpo)
Estamos sozinhos sentados à beira da Lareira. Lá fora está uma noite escura e um frio de rachar. O Silêncio é total, apenas só se ouve a lenha da lareira a queimar. Adoro colocar caruma de pinheiro e pinhas a arder. Adoro o cheiro da lenha queimada. Dentro da panela está a sopa "grossa" que a avó adora fazer. É a hortaliça, o feijão vermelho, a massa o chouriço. Pegamos na colher de pau, e se a colocarmos dentro da panela, ela fica direita e sossegadita de pé (Sad eyes, mais um dito que poderia ser gay)...
Apenas dois cachopos que ficaram para o fim, porque o sono não lhes toca. Pudera... Ambos descobriram o amor debaixo dos mesmos cobertores. Enquanto um coloca caruma na lareira, pinhas e lenha para esta não se apagar. O outro levanta-se e vai buscar duas malgas, pois a vontade de comer a sopa da avó é mais forte que tudo...
Ambos se riem ao lembrarem que a avó sempre dizia "Quem mexe no lume à noite, depois faz xixi na cama..."
Surgem as primeiras vontades de construir algo em conjunto, o viver para sempre, o partilhar até ser velhinho e surgem os primeiros votos de amor:
"SE EU MORRER PRIMEIRO"... - Serei o canto do rouxinol ao teu acordar;
- Serei o primeiro raio de sol, que te despertará;
- Serei a tua primeira gota de água, que tocará o teu corpo;
- Serei a primeira flor que vires a caminho da escola;
- Serei a primeira gota de chuva que vires ao cair;
- Serei a primeira folha que cairá no Outono;
- Serei o primeiro gaio, que ouvirás da parte da tarde;
- Serei o cheiro da terra molhada, que pisares;
- Serei o cheio da primeira flor, numa manhã primaveril;
- Serei a primeira estrela, no cair da noite;
- Serei a primeira luz do Luar, que te iluminará o cabelo;
- Serei a Estrela mais brilhantes, que vires no Céu. Ali estarei eu sempre à tua espera...
As voltas foram trocadas aos jovens. A caruma a arder na lareira, foi substituída por uma vela num altar de uma igreja qualquer, e uma estrela ilumina mais no céu desde de 25 de Dezembro de 1987.
Uma histórias triste, mas bonita.
ResponderEliminarGostei muito.
abc
abraço
ResponderEliminarGostei verdadeiramente. Há algo de muito pessoal nesta história que a faz ter um encanto especial.
ResponderEliminarParabéns, Francisco.
Obrigado amigo João :)
ResponderEliminaré linda, linda, apesar de triste. que essa estrela te acompanhe sempre, Francisco.
ResponderEliminarbjs.
Tal como comentei no teu blog, a história é linda mas triste, há pessoas (e amores) que nunca deviam morrer.
ResponderEliminarAbraço.
:) As pessoas só morrem, quando nos esquecemos delas :) Momento bonito :)
ResponderEliminarmargarida, arrakis, namorado
ResponderEliminarobrigado
Subscrevo todos os comentários anteriores! :D
ResponderEliminarI found it very nostalgic, slightly sad a heart warming story ....a story worth a hug!
ResponderEliminaryet grandma always make's me smile
A sopa da avó, nesse ambiente de lareira, e o fogo a crepitar. Saboreiam-se bem com aquele abraço e as promessas de um nós, desenhadas num par de lábios.
ResponderEliminarEnquanto um existir, o outro também existirá, ainda que a ausência seja mais fria que qualquer noite escura de Inverno...
Que bonito, Francisco.